ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 05.12.1991.

 


Aos cinco dias do mês de dezembro do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessão do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Qüinquagésima Sessão Solene da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor João Batista Duarte Costa. A seguir, às dezessete horas e nove minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou aos Senhores Líderes de Bancadas que conduzissem ao Plenário as autoridades e personalidades convidadas. Compuseram a Mesa: Vereador Antonio Hohlfeldt, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor João Batista Duarte Costa, Homenageado; Senhora Eugênia Duarte Costa, esposa do Homenageado; Doutor João Carlos Vasconcellos, Secretário do Planejamento Municipal; Major João Carlos Gonçalves Palma, representando o Comando Geral da Brigada Militar. Como extensão da Mesa, o Senhor Presidente nominou os filhos do Homenageado, Jane, Gisnara e Juliel. Ainda, o Senhor Presidente fez pronunciamento alusivo a homenagem, lembrando que prestava-se, igualmente, especial reverência às lutas ecológicas e contra o fumo, e registrou o recebimento de telegramas a respeito da solenidade oriundos dos Senhores Alceu Collares, Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Doutor Renato Vieira; Doutor João Gilberto Lucas Coelho, Vice-Governador do Estado do Rio Grande do Sul, Deputado Estadual Valdir Fraga, e da Corporação da Conferência Adventista. Em continuidade, o Senhor Presidente anunciou os oradores que falariam em nome da Casa. O Vereador Omar Ferri, na condição de Autor da proposição que originou a homenagem e em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PCB, PT, PTB e PFL, justificando a iniciativa da concessão da honraria, destacou a luta empreendida pelo Senhor João Batista Duarte Costa contra o tabagismo, relatando os respectivos dados biográficos e a amplitude de suas atividades. E o Vereador João Dib, em nome da Bancada do PDS, destacou o merecimento da homenagem por parte do Senhor João Batista Duarte Costa, a quem saudou, expressando que doravante o compromisso do Homenageado contra o uso do fumo é ainda maior. Após, o Senhor Presidente solicitou ao Senhor Secretário Municipal do Planejamento procedesse à entrega do Diploma e de Medalha alusivos à homenagem ao Senhor João Batista Duarte Costa, convidando os presentes em Plenário a assistirem, em pé, essa cerimônia. Ainda, o Senhor Presidente procedeu à entrega de lembrança do Legislativo Municipal à esposa do Homenageado, concedendo a este a palavra, que manifestou-se em agradecimento à honraria prestada pela Casa, propugnando por luta conjunta das pessoas contra os vícios que atingem a sociedade. Às dezessete horas e cinqüenta e três minutos, o Senhor Presidente, agradecendo pelo comparecimento de todos, declarou encerrados os trabalhos e convocou os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Antonio Hohlfeldt e secretariados pelo Vereador Omar Ferri, como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Omar Ferri, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE: Dou por abertos os trabalhos da 50ª Sessão Solene, destinada a conceder o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. João Batista Duarte da Costa, conforme Proc. nº 1000/91, de autoria do Ver. Omar Ferri.

Farão parte da Mesa, além do Presidente da Casa, o homenageado, Sr. João Batista Duarte Costa; sua esposa, Dona Eugênia Duarte Costa; o Sr. Secretário do Planejamento Municipal, representando o Prefeito Municipal neste ato; o Sr. Major João Carlos Gonçalves Palma, representando o Comando Geral da Brigada Militar. Como extensão da Mesa, farão parte Jane, Cisnara e Juliel, filhos do homenageado.

A Câmara de Porto Alegre tem a tradição de, através dos seus 33 Vereadores, desde 1983, destacar e homenagear, através de diferentes títulos, pessoas da comunidade ou que se agregam à comunidade de Porto Alegre e que, nas suas atividades, prestam serviços de destaque.

Por outro lado, esta cidade de Porto Alegre eu acho que tem duas tradições importantes, uma das quais vamos destacar, na tarde de hoje, com uma homenagem especial ao Sr. João Batista Duarte Costa.

Uma homenagem se refere à luta ecológica que já tem mais de vinte anos, quando muitos daqueles que hoje são chamados de ecologistas eram tachados de subversivos, de comunistas, de loucos, uma série de coisas desse tipo, e eram tratados até duramente, malvistos, porque geravam problemas à sociedade. O tempo passou, nós enfrentamos hoje diferentes problemas, graves problemas, e bastaria lembrar a desertificação do oeste do Rio Grande do Sul, a região do Alegrete, de São Francisco de Assis, para lembrar que esses ecologistas tinham razão.

A outra luta, e essa tem a ver com o nosso homenageado, é, sem dúvida, a luta antitabagista, uma luta que igualmente deve ter trazido muitos problemas e muitos dissabores ao nosso homenageado, uma luta que coloca, nos primeiros momentos, essas pessoas como pessoas negativistas, antipáticas, chatas, que estão incomodando os outros. E aqueles que fumam - e quero dizer aos senhores que sou um que fuma, apesar de tudo - não se dão conta, de um modo geral, de quanto são egoístas dentro de um espaço em que obrigam aqueles que não fumam a fumar junto. Portanto, eu entendo que essa homenagem que o Ver. Omar Ferri propôs e que a Câmara aprovou ao João Batista Duarte Costa, que foi um dos pioneiros na luta do antitabagismo, é extremamente oportuna, porque essa idéia tem ganhado, gradualmente, o mundo literalmente.

Eu me lembro que, há mais dez anos, foi grande notícia nos Estados Unidos quando os aviões de carreira, no céu norte-americano, proibiram o fumo para vôos de menos de três horas. Hoje, a prática começa a ser discutida e, provavelmente - espero eu que seja -, começa a ser discutida inclusive no Congresso Nacional para implantação no Brasil. Depois daquela experiência, que eu costumo dizer de “português”, que a Varig adotou inicialmente, de separar os tabagistas lado a lado, que não adiantava de nada, porque todo o mundo fumava junto com os que fumavam no avião, se corrigiu, passando os fumantes para trás. Mas, sem dúvida, a melhor prática vai ser proibir.

Esta Casa votou, há três anos, a interdição do fumo no Plenário e nos espaços públicos da Casa. Ele está liberado apenas nos gabinetes dos Srs. Vereadores, onde, evidentemente, a autonomia de cada Vereador vai decidir, aí com maior ou menor democracia, o que vai ocorrer.

Nós temos verificado, e a Casa está discutindo e deverá decidir muito brevemente de maneira definitiva, inclusive a legislação que proíbe, a exemplo de São Paulo, o livre uso de fumo nos restaurantes da cidade de Porto Alegre. Foi um projeto que hoje me gratifica muito, porque, há cinco, seis anos, na minha primeira Legislatura, eu propus esse projeto. Eu não consegui chegar ao Plenário com ele; liquidaram o projeto ainda nas Comissões. Hoje vejo o projeto passar com absoluta tranqüilidade pela avaliação dos 33 Vereadores da Casa para tornar-se uma lei. Em São Paulo já está adotada e, me aprece, sem nenhum problema mais grave. Ao contrário, os restaurantes que resolveram ter uma certa qualificação de clientes adotaram a legislação e, com isso, garantiram o bem-estar e a tranqüilidade de todos os freqüentadores do restaurante, porque quem quiser fumar e misturar comida com fumaça fique num canto e quem quiser liberar a qualidade de sua alimentação que fique noutro canto, sem problema nenhum.

Então, é por tudo isso, meu prezado João Batista Duarte Costa, que eu me sinto muito satisfeito de poder, na tarde de hoje, presidir, na condição de Presidente desta Casa, esta Sessão para entrega do Diploma e da Medalha relativos ao Título de Cidadão de Porto Alegre, que o companheiro recebe na proposição do Ver. Omar Ferri.

Queremos, antes de qualquer coisa, registrar aqui que recebemos telex do Governador Alceu Collares; do Dr. Renato Aristeu Vieira; do Vice-Governador, João Gilberto Lucas Coelho; do Deputado Valdir Fraga; da Corporação da Conferência Geral dos Adventistas do 7º Dia, Divisão Sul-Americana, firmado pelo Prof. João Wolfe, uma das instituições que mais tem colaborado nas campanhas antitabagismo. Passamos às suas mãos, desde logo, essas mensagens.  

Passamos a palavra ao Ver. Omar Ferri, autor da proposição, que falará em nome do PMDB, do PDT, do PFL, do PT, do PTB e do PCB.

 

O SR. OMAR FERRI: Exmº Sr. Presidente da Câmara de Vereadores, Prof. Antonio Hohlfeldt; Ilmo Sr. João Batista Duarte Costa, nosso homenageado e, a partir de hoje, cidadão porto-alegrense; Exmo Sr. Secretário do Planejamento Municipal, Dr. João Carlos Vasconcellos, representando o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; Major João Carlos Gonçalves Palma, representante do Comando Geral da Brigada Militar; minhas senhoras, meus senhores, distinta família do professor homenageado.

Das muitas vezes de que eu participei dos mais variados tipos de debates, através do microfone amigo da Rádio Guaíba de Porto Alegre, em várias ocasiões esteve presente, na célebre rádio do Rio Grande do Sul, o Prof. João Batista Duarte Costa. Numa daquelas ocasiões, a produção do Programa “Flávio Alcaraz Gomes/Repórter” mencionou, o mesmo fazendo o próprio Flávio Alcaraz Gomes, que esta Casa já havia distinguido muitas pessoas com o Título de Cidadão de Porto Alegre, até assinalando que muitas vezes a Casa concedia esse tipo de título com alguma facilidade e que a Casa, lastimavelmente, estava esquecendo de conceder essa titulação emérita a uma das pessoas que, no campo de combate ao fumo, ao tabagismo, é, talvez, a quem o Brasil mais deve. Usando um termo latino, nós podemos tranquilamente afirmar desta tribuna que, na campanha de combate a esse vício, o Prof. João Batista é, na nossa tática, o primus inter paris, está no topo da campanha, está na frente da luta, é o batalhão avançado da saúde pública desse setor em todo Brasil, inclusive com repercussões internacionais, tão profundo é o conhecimento técnico-científico que o Prof. Duarte tem nesse terreno. Nessa ocasião, então, a própria Rádio Guaíba alvitrou a hipótese de a Casa homenageá-lo. E eu, estando presente, afirmei, no ar, que ia ter a honra, e esta Casa iria aprovar por unanimidade, como realmente ocorreu, de propor o nome do Prof. João Batista Duarte Costa como Cidadão de Porto Alegre.

Não vou me manifestar com profundidade sobre o assunto porque não tenho condições técnicas de versar sobre o tema, mesmo porque não ousaria frente à grande capacidade do Prof. João Batista. Mas, de qualquer forma, eu aproveitaria esse ensejo para assinalar, com ênfase, alguns dados sobre esse vício que contamina as populações do nosso mundo.

A Organização Mundial da Saúde declarou que, em 1990, três milhões e meio de pessoas morreram tendo como causa direta o tabagismo; o Ministério da Saúde brasileiro declarou que, em 1990, 125 mil brasileiros morreram tendo como causa os malefícios do vício do fumo, e, além desses, 120 mil brasileiros estão incapacitados para o trabalho por doenças que o fumo acarreta. Portanto, são quase trezentos mil brasileiros que, de alguma forma, oneram a economia do País como conseqüência do tabagismo. E não é à toa, e não é por nada, que o Ministério da Saúde declarou que todas as guerras somadas não causaram tantas mortes ou não mataram tantas pessoas quanto matou o fumo. Vejam bem: eu até fui perguntar ao professor se os dados correspondiam, e ele me assegurou que sim, pois todas as guerras não mataram tanto quanto tem matado uma - o fumo, por todo esse tempo em que esse hábito contamina a saúde das nossas populações.

O Prof. João Batista Duarte Costa vem desenvolvendo, na área da saúde, intensa atividade que poucos brasileiros conhecem não apenas com relação ao fumo, mas também com relação ao alcoolismo, com relação às toxicomanias e, inclusive, com relação à AIDS, enfim, as toxicomanias tanto legais, como é o caso do álcool e do fumo, como as ilegais, como é o caso da maconha, da coca e de outras dependências que, lamentavelmente, estão infectando a sociedade brasileira, americana e, por que não dizer, mundial. E não apenas isso: as suas conferências também abordam assuntos que dizem respeito a doenças sexualmente transmissíveis, alimentação natural, entre outros assuntos.

A credibilidade, para nossa honra, hoje, do Prof. João Batista Duarte Costa é que, de dez convites que ele recebe para fazer palestra, ele só tem condições, ou tempo disponível, de fazer uma, duas ou, no máximo, três palestras. E aí os senhores poderiam pensar: “este homem, com tanto trabalho, com tanta atividade nesse setor, deve estar muito bem de vida, porque deve ganhar muito dinheiro fazendo cursos e conferências por todo o País”.

Por isso eu fiz questão e tive a honra e o prazer de propor o seu nome à Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Isso tudo é feito sem cobrar, como se dizia antigamente, um tostão sequer, e essa sua dedicação é feita em tempo integral. Vejam o grande, o raro exemplo que este homem está dando a todos nós. Trata-se, evidentemente, de uma grande personalidade que, obrigatoriamente, deveria ser homenageada pela Câmara. Ninguém mais que o Prof. João Batista merece este Título.

Esta é a primeira vez, para minha honra, que esta Casa se reúne para que alguém receba um Título de Cidadão proposto por mim, pois, além desse, concedi a um presidente de uma cooperativa do Interior, mas não houve solenidade em virtude da avançada idade da pessoa. Com muita honra para mim, eu declino aqui que o terceiro dos títulos apresentados por mim foi para um professor tão emérito quanto o Prof. João Batista, com trabalho também de tempo integral à comunidade de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul, um homem cheio de realizações, cheio de amor, cheio de ideal e cheio de fé, que foi o Prof. Irmão José Otão. Eu lhe coloco, Prof. João Batista, ao mesmo nível do Prof. Irmão José Otão, Irmão Marista com quem eu tive a honra e o prazer de conviver, conviver com essa personalidade por muitos dias da minha vida, quando eu estudava no Colégio Rosário e na Pontifícia Universidade Católica.

O Sr. João Batista começou a sua atividade em 1962, inicialmente apenas como estudioso dessa temática, estudando e procurando ajudar a todos aqueles que por ela se interessavam, e, nessa ajuda às pessoas, começou alargar o trabalho desenvolvido. Dez anos após, foi procurado pelo Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria, e aí começaram a se desenvolver as grandes campanhas. Da Confederação, os empresários e os trabalhadores deste País começaram a se interessar pelas aulas, pelos seus cursos, conferências e suas palestras, e as portas começaram, sucessivamente, a se abrirem em todo o Brasil: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro. Hoje este Cidadão Emérito de Porto Alegre faz conferências, cursos, palestras em todo o Brasil sem nunca parar. As portas do País se abriram ao trabalho de Vossa Senhoria.

Como disse o Presidente, Ver. Antonio Hohlfeldt, no início todo cidadão que inova e tem coragem de apresentar o seu trabalho e exercer com dignidade uma função igual a sua é, muitas vezes, considerado até uma espécie de ser “quixotesco”: todos os grandes homens têm um pouquinho de Dom Quixote; resta o Sancho Pança para aqueles que criticam.

Professor, antes de ocupar esta tribuna, eu lhe perguntei: “em qual Município do Rio Grande do Sul o senhor nasceu?” E o senhor me respondeu: “eu nasci em General Câmara.” De hoje em diante, o senhor, a sua esposa e os seus filhos poderão alardear e dizer: “o Prof. João Batista Duarte Costa nasceu em General Câmara e é Cidadão de Porto Alegre, para a felicidade de todos nós.” Muito obrigado. (Palmas.)

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concedo a palavra ao Ver. João Dib, que falará pela Bancada do PDS.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente; meu caro amigo João Batista Duarte Costa, hoje homenageado com o Título de Cidadão de Porto Alegre; Dona Eugênia, sua esposa; Secretário do Planejamento Municipal, Dr. João Vasconcellos, representando o Sr. Prefeito Municipal; Major João Carlos Gonçalves Palma, representando o Comando Geral da Brigada Militar; amigos de João Batista, o nosso homenageado; Srs. Vereadores, meus senhores e minhas senhoras.

General Câmara é cidade pequena com alguma história, berço natal de João Batista. Eu dizia, nesta segunda-feira, que uma das satisfações de um homem é ter nascido numa grande cidade, numa cidade famosa. General Câmara tem história, mas Porto Alegre é Capital de todos os gaúchos. É uma cidade que o mundo conhece pela realização dos seus filhos, pela sua cultura avançada, por sua indústria, por muitas coisas. Enfim, Porto Alegre transcende o Rio Grande, transcende o Brasil e chega para todo o mundo. Hoje, se é feliz por ter nascido numa pequena cidade com alguma história, é mais feliz por ter recebido na grande cidade, na cidade famosa com uma grande história e que lhe diz que, a partir de hoje, pela representação do povo na Câmara Municipal, o senhor passa a ser Cidadão de Porto Alegre.

Não vou dizer das qualidades, do trabalho. Não vou repetir aqui o que o proponente da homenagem, Ver. Omar Ferri, com o brilhantismo que o caracteriza, fez, mostrando os malefícios do cigarro, mostrando o trabalho que se desenvolve no mundo, lendo estatísticas, dando números, mas, evidentemente, eu também procurei saber sobre o cigarro e encontrei uma frase num trabalho americano. Os americanos sabem tudo, dizem tudo de forma sintética, dizem tudo de forma prática, pragmática, e o Edward Murphy dizia: “Fico perturbado quando vejo um cigarro entre os lábios ou entre os dedos de alguma pessoa importante e de cuja inteligência depende, em parte, o bem estar do mundo”. É claro que esse Edward Murphy ficava preocupado porque não conhecia o João Batista Duarte Costa, porque, se conhecesse, ele falava com o João Batista e o João Batista ia lá dizer para aquela figura importante do mundo: “não fume!” E até porque esse indivíduo, fumando, era levado hoje às televisões, aos cinemas, e era mostrado, como figura impressionante que era, fumando. E é pelo exemplo que a maioria das pessoas começa a fumar; não é por outra coisa. No momento em que o João Batista dissesse para ele, ele pelo menos não fumaria mais em público se o João Batista não o convencesse a deixar de fumar! Mas convenceria, por certo, que ele não deveria mais fumar em público e, em não fumando em público, ele faria mal a si mesmo, por certo, mas não faria mal dando o exemplo, que é o maior dos males, porque só se fuma por imitação, só se fuma por macaquice. Então, não teríamos grande preocupação, como teve o Sr. Murphy, lá nos estados Unidos, porque o João Batista não estava lá. Mas, de qualquer forma, é merecida, por certo, a homenagem que a Câmara realmente aprovou por unanimidade. A Cidade reconhece as dezenas, centenas de cursos realizados, milhares de pessoas que deixaram de fumar e, portanto, preservaram a sua saúde.

No momento em que a Casa diz para o João Batista que ele é Cidadão de Porto Alegre, que está recebendo uma grande homenagem, a Casa também está dizendo que adianta pouco o que foi feito até agora, porque, se estamos dando esse Título, nós estamos dizendo também que acreditamos e depositamos confiança de que vai continuar trabalhando até mais. Porque agora passa a ser integrante da cidade grande, famosa; passa a ser um pouco mais famoso, e o seu trabalho passa a ser um pouco mais respeitado.

Portanto, depositamos confiança de que vai continuar trabalhando de forma redobrada, com aquele entusiasmo que o fez trabalhar sempre, com a tranqüilidade, a simplicidade e a sinceridade de quem buscava solução e não promoção, o que algumas pessoas precisam aprender. O que nós precisamos é de solução e não promoção. Lamentavelmente, desta tribuna, tenho dito isso muitas vezes.

João Batista, por certo, tu vais continuar dando solução com a tranqüilidade de quem quer remediar o mal que está no corpo humano de tantas outras pessoas, mas não está procurando promoção, que hoje a Casa está-lhe dando, tornando-o famoso. Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido o Ver. Omar Ferri e o Secretário João Carlos Vasconcellos para passarem o Título às mãos do nosso homenageado.

 

(É feita a entrega do Título.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Em nome da Casa, passamos às mãos da Srª Eugênia uma lembrança que é dada por este Legislativo aos nossos convidados.

 

(É feita a entrega da lembrança para a Srª Eugênia.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passamos a palavra ao nosso homenageado, Sr. João Batista Duarte Costa. Pedimos escusas por encontrar-se com problemas o nosso som.

 

O SR. JOÃO BATISTA DUARTE COSTA: Exmº Ver. Antonio Hohlfeldt, Presidente desta Casa; Dr. João Carlos Vasconcellos, Secretário Municipal do Planejamento; Sr. Major João Carlos Gonçalves Palma, representando o Comando Geral da briosa Brigada Militar; Srs. Vereadores, demais autoridades, senhores e senhoras convidadas.

Esta Casa sintetiza a opinião do povo de Porto Alegre porque, em cada um dos ocupantes destas tribunas desta Casa, está estratificada a opinião política de cada um dos eleitores desta Cidade. Através dos tempos, muitas pessoas olham para o Poder Público e acreditam que a solução de seus problemas tão-somente, como que a solução dos problemas de cada um, dependesse de nossos governantes. Enquanto criticamos a tudo e a todos, os problemas da nossa sociedade crescem e se constituem num desafio para todos nós, e nós, de braços cruzados, ficamos aguardando que outros nos tragam soluções que, na verdade, deveriam estar em nossas mãos. Cada um de nós deveria fazer o melhor pela nossa sociedade, pois a verdadeira fraternidade não depende de decretos, nem de leis, mas depende da ação conjunta de todos, os indivíduos somando para o bem comum.

Uma das maiores necessidades, nos dias atuais, é fazermos menos críticas e praticarmos mais ação. Por outro lado, muitos de nós, quem sabe de mãos postas, elevamos a nossa prece a Deus, enquanto continuamos de mãos postas, de braços cruzados, sem estendermos a mão forte para aquele que de nós precisa. A mais triste das vidas e a mais triste das mortes é a vida e a morte do homem que não tem coragem de melhorar para o bem, quando por ele não passa a viver. As campanhas educativas, a profilaxia deve ser apresentada a todos os segmentos da nossa sociedade para o bem comum.

Que este evento possa servir de estímulo não somente a nós, homenageados, mas a nossa comunidade no sentido de empunharmos outras bandeiras: a da saúde, a da fraternidade e a do bem comum.

Senhoras e senhores, é com muita humildade que recebo todas as palavras, todos os gestos aqui expressados, e a presença de cada um dos senhores que valoriza o evento neste momento recebo como uma resposta do povo de Porto Alegre, a quem temos nos dirigido, nesta campanha, em defesa da saúde e da vida de nossa gente.

Não podemos passar por este mundo como meros espectadores, mais um em meio à multidão. Devemos fazer uso de nossa força, do nosso tempo e de nosso intelecto para construir tudo o que esteja ao nosso alcance para benefício de outrem.

As grandes obras não são executadas pela força, mas pela perseverança. A matéria-prima da construção social está sintetizada numa só palavra: amor. Esse é o combustível que deve mover a criatura humana, pois o homem que ama a Deus também deve amar aos homens que Deus ama. Entretanto, ninguém constrói sozinho em uma construção, porém muitos passam despercebidos.

Nos 29 anos em que venho trabalhando na construção desta obra de amor pelo nosso próximo, dezenas de pessoas também merecem a nossa homenagem. Muitas delas estão aqui entre nós. Se eu fosse enumerá-las, certamente iria esquecer de muitas, e, para não cometer injustiça, serei sucinto em minhas referências:

A Deus, fonte de toda boa dádiva, o meu eterno louvor!

À minha esposa Eugênia, meu grande sustentáculo e fortaleza em todas as circunstâncias, o meu reconhecimento e gratidão!

À magnânima equipe médica que conosco tem colaborado, gratuitamente, o meu profundo reconhecimento pelo sucesso que alcançou essa obra de saúde e vida.

Às dezenas de colaboradores que, direta ou indiretamente, nos têm ajudado nessa obra inacabada, o nosso muito obrigado!

À imprensa escrita, falada e televisionada, formadora de opinião, agradeço pelas centenas de espaços concedidos para divulgar o nosso trabalho!

Ao Excelentíssimo Ver. Omar Ferri, proponente desta homenagem, bem como ao Legislativo desta Casa, a nossa gratidão!

Concluindo, faço minhas as palavras de Virgílio: “Enquanto os rios correrem para os mares, os montes fizerem sombra aos vales e as estrelas fulgirem no firmamento, deve durar a recordação de homenagem recebida na mente do homem reconhecido.” Muito obrigado. (Palmas.)

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaria de agradecer a presença de todos os senhores, ao representante do Prefeito Municipal, a todos os demais presentes, colocando esta Casa à disposição de todos. Gostaríamos que todos tivessem a oportunidade de nos assistir nas nossas atividades de maneira permanente, e, no encerramento desta Sessão, cumprimentamos o Sr. João Batista, que não tem apenas o nome, mas a ação do que se anuncia e se antecede. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Levanta-se a Sessão às 17h53min.)

 

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